Deu no Globo: "O principal ponto da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, de quarta-feira foi a unanimidade em torno da manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano. Com um 'racha' polêmico na reunião anterior, em maio, havia dúvidas se seria possível haver um consenso desta vez. Especialistas avaliam que isso deve dar alívio ao dólar, que acumula valorização de mais de 12% no ano, mas ressaltam que uma melhora permanente dependerá do cenário fiscal".
De fato, a unanimidade foi o ponto de destaque na decisão do Copom desta quarta. Mas por outro motivo: ela expõe a farsa da narrativa lulista. Na véspera da decisão, os caciques petistas dedicaram toda a sua energia para atacar Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Desde o início do governo o PT concentra em Campos Neto seus ataques, escolhendo-o para bode expiatório. Até jornalistas de esquerda como Elio Gaspari admitem isso.
"O problema real, claro, não é qualquer intenção maligna de Campos Neto, e sim o desajuste fiscal do desgoverno lulista"
Mesmo após a decisão, vários petistas graúdos e militantes orquestrados partiram para o ataque contra Campos Neto. Todos eles ignoraram o fato de que os indicados pelo PT ao Copom votaram exatamente como Campos Neto, inclusive Galípolo, cotado para substituí-lo no comando do BC. Como fica? Se Campos Neto é "capacho" de Tarcísio, se ele joga contra o Brasil, por que Galípolo votou da mesma forma? Silêncio no PT...
O senador Randolfe Rodrigues, por exemplo, escreveu: "A atuação do Presidente do Banco Central não tem sido 'técnica' e muito menos independente. Erraram todas as projeções de inflação e também a origem da inflação. Não temos inflação de demanda e a própria inflação está dentro da meta. A decisão de hoje do Copom, mantém o Brasil como um dos maiores juros reais do mundo. A decisão, ainda, tem como consequência o aumento das despesas com os serviços da dívida por causa dos juros elevados e assim eleva o déficit público. Por fim, a decisão do BC retrai o crescimento, prejudica a geração de empregos e onera as contas públicas". E o Galipolo, senador?
Gleisi Hoffmann, chamada por alguns de Crazy Hoffmann, desabafou: "Não há justificativa técnica, econômica e muito menos moral para manter a taxa básica de juros em 10,5%, quando nem as mais exageradas especulações colocam em risco a banda da meta de inflação. E não será fazendo o jogo do mercado e dos especuladores que a direção do BC vai conquistar credibilidade, nem hoje nem nunca". Mas e o Galípolo, Gleisi? A presidente do PT ignora que os indicados pelo partido votaram exatamente como Campos Neto?